domingo, 11 de março de 2012

Os problemas da linguagem

Atualmente  a linguagem encontra-se doente. Sua doença pode ser resumida em quatro: a doença da guerra(não escutar o que o inimigo diz), a crise (não dizer ao amigo o que fazer), a revolução (gritaria inarticulada) e a degeneração (repetição hipócrita).
Quando falamos, a  "linguagem compreende os atos de escutar e falar, de articular e repetir. Um grupo da fala saudável usa termos velhos para novos fatos (repetição), termos novos para velhos fatos (articulação), dirige-se a novas pessoas (falar) e inclui todo ouvinte que valha a pena (ouvir)." É falando e ouvindo que ar alargamos constantemente as fronteiras territoriais da linguagem. O nosso desejo é  poder falar com todos e escutar a todos, pois a repetição e a articulação da linguagem alargam constantemente suas fronteiras temporais. Gostaríamos de  um elo com todas as gerações, passadas e futuras.
No entanto esses quatro atos envolvem muitos riscos. E quase sempre malogram. A doença são essas quatro formas de malogro (a guerra, a revolução, a decadência e a crise). "Na guerra, pessoas que julgam que devem ser escutadas são excluídas; na crise, pessoas que querem escutar não são incluídas. Na revolução, ordens que esperam ser cumpridas são ridicularizadas; na degeneração, gritos que esperam ser compreendidos permanecem inaudíveis."
Agimos quase sempre assim: com surdez diante do inimigo, com mudez diante do amigo, com gritaria contra a velha articulação e estereotipagem da nova vida.
Mas, para toda doença existe remédio. Vejamos: para a guerra como surdez, e a paz como disposição para escutar, para a revolução como gritaria, e a ordem como capacidade de formular, para a crise como mudez, e o crédito como disposição de encarregar, e para a decadência como estereótipo, e o rejuvenescimento como nova representação.
Só assim seremos curados dos problemas da linguagem, que são apenas um sintoma do que ocorre no interior do homem. Sem saber se comunicar com Deus e, querendo e precisando dessa comunicação, não sabe se comunicar com os homens e aí começam todos os problemas que vemos na sociedade moderna.
 Baseado no estudo de "Origem da Linguagem", de Eugen Rosenstock Huessy

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